quinta-feira, 4 de maio de 2017

LIVRO - NO PAÍS DOS HOMENS

Eu não sei se vocês já viram, mas em alguns shoppings e até mesmo nas rodoviárias, vocês encontram uns locais que vendem livros por R$ 5,00 ou R$ 10,00. Eu adoro xeretar esses "outlets" e sempre acabo levando alguma coisa comigo. O curioso é que eu sempre comprei livros absolutamente desconhecidos e nunca me arrependi de tê-los comprado, porque sempre se mostraram uma ótima surpresa. E o livro de hoje foi um deles. 

O autor é líbio e ele conta pra gente um pouco sobre a sua infância nesse país, mas de forma romanceada e através do olhar de uma criança. Eu amo livros cujos narradores são crianças - vide O Sol é Para Todos, um dos meus favoritos da vida! E o curioso é que eu mesma não sabia muito sobre a Líbia antes do livro. Sabia, claro, que durante muitos anos viveu sob o regime de um dos ditadores mais severos de todos os tempos - Muammar al-Kadafi (escrito igual ao livro) - e que é uma ex colônia italiana, hoje um país de costumes islâmicos no norte da África. Mais nada. E o livro vai nos remeter exatamente a esse período em meados da década de 1970, no qual se você era contra o regime, as consequências eram terríveis. 

Lá funcionava uma espécie de caça às bruxas, algo semelhante ao período da inquisição ou do comunismo, nos quais se você não denunciasse alguém que estava tendo idéias contrárias ao regime, você poderia ser considerado igualmente simpatizante e sofrer as mesmas consequências. O pai do nosso narrador Suleiman, uma criança de 9 anos, não só é contrário ao regime, como ativista. É um dos líderes do movimento para restabelecimento da democracia no país. Ele se reúne de forma secreta com seus partidários, lê livros proibidos e tem idéias revolucionárias para o país. A família está muito bem de vida, é bem relacionada e tudo vai muito bem. 

Até que o governo começa a desconfiar do pai de Suleiman, rondar sua residência, levar os vizinhos e toda sorte de atividades começam a acontecer por ali. Pessoas são levadas, torturadas em rede nacional... um horror. E o mais interessante é que, ao mesmo tempo que vamos ter contato com esse momento histórico importante no país, a gente vai acompanhando como essa criança está se sentido nessa situação, como ele está entendendo e a sua relação com a família, que é bastante amorosa. O livro é muito interessante e foi uma leitura bem surpreendente. 

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